quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A ÚLTIMA

Pois sim, meus amigos, essa é possivelmente a última postagem desse blog. Nem há muito mais o que dizer. Livro publicado, livramo-nos dele.
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Foi uma delícia manter esse blog e construir o dialogo que se estabeleceu entre nós.
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Esse caderno-virtual de memórias do Bola da Vez estará sempre por aqui esperando os possíveis novos leitores do livro. Que eles venham e se divirtam com as postagens, os rumos e as peripécias da pesquisa, os retornos dos contos e outras coisas que postei por aqui.
Para sempre: obrigado leitores primeiros, bem vindos novos leitores!

A última postagem não pode furtar-se de falar da última Copa.

Sim, um livro pautado pelos tempos de Copa, um livro que tem como tema atravessador a Copa de 1994 não poderia se despedir sem lembrar do último fiasco da seleção Brasileira (em minúscula, de novo!).

Sem dúvida o protagonista do nosso último fiasco - 2010 - foi o técnico Dunga. Sim, aquele que ergueu com ódio a taça de 94.

Sempre me perguntei de quem ele teria ódio ou porque, sagrando-se campeão do mundo ao invés de comemorar, chorar, rir, rejubilar-se,
ele xingou!

Dezesseis anos depois entendi. Ele xingou a imprensa e todos aqueles que o enxergavam como ele mesmo é e se enxerga: um ressentido ocupando um lugar que não lhe cabe por méritos. Seja como jogador, seja como técnico.

O Bola da Vez brinca com essa contradição. No livro, o Brasil acaba de ser Campeão – 1994 – e ninguém se conforma! Não são os argentinos que não se conformam, somos nós, os que realmente gostam de futebol. Nenhuma personagem do livro – exceto o Chico da Burra – se afeiçoa àquela seleção do Parreira cujo capitão era Dunga.

Dunga é uma espécie de Hefesto ( Vulcano ). Aquele deus triste e envergonhado de si mesmo que se arrasta pelo Olimpo. Rancoroso, feio, desconfiado e que nunca se sente á vontade no banquete dos Olímpicos. É um deus – campeão com taça na mão – mas esquivo, ressentido, entristecido, menor. Um deus anão, Dunga.

Dunga poderia redimir-se. Jogador medíocre, vencedor esforçado. Poderia ter se rendido à arte que não foi capaz como jogador e como técnico ter proposto um futebol bonito – aquele que Givair jogou um dia e que João admirava. Não foi capaz. Tentou em 2010 provar que 1994 não fora somente mais uma artimanha de um acaso funesto que lhe permitiu erguer como capitão uma taça de Copa do Mundo. Provou apenas o que já sabíamos, é um anão – por dentro.
Hefesto, pelo menos, era capaz de maravilhas mecânicas e jóias inimagináveis.

Mas voltemos à terra e ao mundo do Bola e não da bola.
O Bola da Vez segue seu caminho: lento, pingado, difícil.
A grande vantagem de vender aos amigos é que os retornos são sempre generosos.
Vale ressaltar que é importante ao escritor estreante ter muitos amigos generosos.

Lembro-me agora de uns primeiros poemas que publiquei numa antologia coletiva.
Mandei os poemas, paguei uma parcela da edição, recebi os livros.
Decepção. Ver-se em letras pretas – como disse Lorca – não foi a maior das emoções e os outros antologiados... muito ruins. Mas muito ruins mesmo!
Fiquei chateado, não dava para divulgar o livro.

Edu, grande amigo, tascou a seguinte:

- Guarda! Não divulga. Esconde isso. Publica teus poemas em outros livros melhores, faz muito sucesso e vende esses como relíquia histórica depois.

Bem, acho que é isso. Tenho aqui os tais 30 exemplares da Antologia e uns 1000 do Bola da Vez, aja espaço para guardar tantas relíquias.

Vou seguindo o conselho do Edu, não somente em guardar, mas em escrever outros livros. Acabo de ganhar mais um prêmio, outro ProAC para uma nova publicação.

O projeto chama-se GOTA DE SANGUE e é um outro policial.
Em breve vou abrir um novo blog para o GOTA DE SANGUE, bem vindos!

É isso; gostoso fechar esse blog lembrando do Edu que está ligado ao início de tudo, lá na primeira escrita do conto Bola da Vez que narrava a morte de um certo João Aparecido dos Santos num cortiço do Bixiga.