quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Retornos 6

Aqui retorno de
PERSONA, JÚLIO, FRANCESES e ALICE
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Persona
por Elaine Grecco
Primeira sensação: O Fábio entrou nas minhas memórias e vasculhou uns recônditos.... Caraca! Não lembrava do Cine Clube e da passagem! As ruas eram isso mesmo... um amontoado heterogêneo que traduzia uma "homogeneidade pela diferença" se é que me faço entender assim... Ficava irritada com os carros passando, ali não era lugar pra eles. - Aquela esquina parecia mesmo uma rodoviária rsrs Fábio foi cirúrgico! - Meu pai tinha um fusca... azul e a curtição era mesmo cuidar do carro.... ô Jesus com um mundão daquele tamanho rolando no Bixiga! Eterno conflito geracional... - Nunca entrei no Carbono... era fiel ao Persona... e ao Piu-Piu e ao Café... bem... talvez não fosse tão fiel ao Persona... rsrs - Queria ter visto essa performance do corpo... aliás, vi quando li, obrigada! Como uma ilustração do que vivemos nas relações e eterna construção de identidade, através da identificação e diferenciação, não há como deixar de lado minhas experiências especulares no espelho louco do Persona, a perfeita ilusão através do cálculo da aproximação e distância ótima acrescida do necessário jogo de luz e sombras... encontros e desencontros... fluxo de quem tá vivo... Fábio, sua escrita está envolvente, cirúrgica, doce, crítica e instigante! Meu amigo, você tá na maturidade plena dos seus poderes! Adorei! Obrigada pelo envio desse presente! o efeito que fez em mim foi o mesmo que uma pedrinha num lago... tá provocando leves ondulações no meu dia... vou escrevendo conforme acesso....
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por Wilson Tamega
Fábio, muito bom o conto Persona. Faz com que o leitor se identifique com o protagonista, situa muito bem a atmosfera local e temporal. Só achei o último parágrafo meio desconexo, saí da fluidez do texto - essa foi minha impressão!Mesmo assim, um texto digno de sua autoria. Mas, me responda, por favor, quanto do Faustino é o Fábio e vice-versa?
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Júlio
por Melina Sanches
ADOREI! Não sei bem o que dizer... Júlio me fez sentir nojo, curiosidade, compaixão... não só de Júlio, mas do sistema no qual ele se encontra e do qual nós fazemos parte. Você retratou de um jeito que não deu para se sentir fora da história. Júlio é personagem de uma realidade muito presente em São Paulo, no Brasil e em tantos outros lugares... A leitura me fez lembrar do filme "Estômago". Você assistiu? Também foi uma surpresa boa o sutil encontro da história de Júlio com a de João. O livro inteiro é assim? Uma história se encontrando na outra? Agora deu ainda mais vontade de ler o restante.
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por Viviane Nerlich
É com imenso prazer que venho comentar sobre o conto "Júlio". Ele não só retrata a vida de um viciado assassino mas como o mundo que o mundo vive...claro não todos, mas é uma realidade nua e crua e que só me deixou com gostinho de quero mais. Está espetacular, se todos os contos forem assim será uma obra mais que prima. Minha mãe também leu e adorou. Tiro meu chapéu. Parabéns.
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por Elaine Grecco
Caraca! esse é um murro no estômago! eu aqui com meu cafezinho preto matinal... entre merdas e escrotices pra todo lado: de Taipas aos Jardins, ecoando na mente os latidos das desafetações ouvidas durante a vida, mapa da indiferença... invertendo a sugestão do Dusek pra isso, poderia ser: troque seu lado pobre, cachorro, por uma criança. tava com medo de você tratar Julio pela redenção... o final do conto é congruente, infelizmente: um Tapa na cara. Conceito de família que "dá base" é completamente diferente de um agrupamento de pessoas com "eu" craquelado pela miséria de toda ordem, sustentados pela frágil palavra super-egóica do pastor que se empresta como colinha Prit. Não vai além do discurso. E a ética das relações se pauta com o que fazemos com o que falamos. A (o) Universal "não cola" literalmente! Ducassete esse conto!
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Franceses
por Isabel Marques
Fábio, FRANCESES é digno dos outros, maravilhoso, intrigante, interessante, gostoso de ler e de ir descobrindo todas as camadas de histórias intricadas umas nas outras. Gosto desse jeito de ir sentindo por dentro da personagem sem ser na primeira pessoa, e as sensações brotam, rebrotam, conversam umas com as outras. O cheiro da escadaria, o mofo da casa de Deoclécio, o som dos latidos dos pit bulls, o visual da cidade que era e se foi. O pai destruído pelas opções do filho, conhecendo sua parcela de culpa. O cansaço ao subir as escadas que se entrelaça também com o cansaço do bairro, que se transformou. As imagens do passado e do presente – o viaduto! As lembranças de cada leitor, o Ubu – quem da nossa geração não assistiu Ubu! E, claro, o ministro que vai virar presidente, mais uma cutucadinha no nosso Fernandão!! Já é um sucesso.
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Alice
por Isabel Marques
Fábio, entrei naquele pique para ler Alice, pique de João, casarão, veneno de rato, Glória, greve, tortura, amor de Sion... e Alice não me acompanhou: está muito diferente dos outros, sem o pique, a intriga, os cheiros e gostos, as redes de relações que adorei e que me enredaram nos outros contos. Sabendo que ela é a esposa do Xavier, então, acho que esperava bem mais das nuances sutis, irônicas, perspicazes que me fascinaram nos outros contos.
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por Elaine Grecco
esse mundo que você inventou nesse livro tem a fidedignidade mas também tem algo do mundo que inventamos pra viver: uma mulher que trabalha numa igreja conversando com um delegado através de Goethe... bárbaro! parte desse conto tem um quê de Umberto Eco com a descrição da igreja e o impacto sob os olhos... Alice é porreta também e nem parece beata! parece que está lá numa função social, como contra-posição... num exercício do que talvez lhe fosse possível para preservar a vida depois do histórico relatado... curti Alice e seu semblante austero para lidar com a dor... Faustino no exercício da função... é a hora em que a confusão interna conta a favor... quando a sensibilidade aflora... bacana esse conto! Acho que é um conto bacana e necessário, o da Alice, por mostrar o Faustino trabalhando e a diferença que surge no exercício da ética do moço. Todos os policiais deveriam ser assim, e não ele ser um estranho no ninho, mas isso é coisa de mundo idealizado...