quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Vox Populi

Aos amigos leitores:

Entendo a leitura como
uma forma de re-escrita.

O leitor empresta sua voz silenciosa ao texto e ao mesmo tempo se cala, permitindo que o texto fale dentro dele. É um movimento de troca,
é o truque!

Se só o leitor tiver voz,
o texto não acontece. Se só
o autor falar, a leitura não acontece. Ler é encontrar,
o texto é um lugar.

Lugar de encontro do leitor e do autor, ambos silenciados como voz unívoca e partilhando a contrução de uma outra voz, a do texto.

O texto ensina como deve ser lido, constitui a sua voz. O leitor escuta-a, mas com a sua própria dicção. Ouve na sua voz silenciosa a voz do autor por meio do texto que só pode ter voz se o leitor assim permitir, emprestando-lhe a sua.

"O poema que me ensina a lê-lo
faz-me dele espelho
não o da vaidade, tolo
mas o que contorce todo.

Inverso também ele me olha
e a mim espelha
eu nele retorcido
ele em mim espalhado
espelho ante espelho, vivos
como dois olhos vidrados "

Registrei num poema já antigo.

Sim, o texto é o vidro que vidra, falsa transparência, enganosa entrega de outra coisa
que não é o autor nem sua escritura,
não é o leitor nem sua leitura. É texto: criatura.

Vou partilhar as leituras/retornos que recebi até agora.
Essas vozes, essas criaturas que passaram a viver comigo,
por dentro, como um coral confuso, mas belo.

Dividi as leituras pelos contos. Quatro em cada postagem.

Espero que todos se divirtam com elas, como me diverti, me emocionei e por isso agradeço aos autores e compartilho seus textos.