sábado, 27 de março de 2010
O tal País do Futebol
É engraçado como até agora o “mundo da bola” não teve vez nos comentários que recebi ao Bola da Vez.
Acho engraçado porque em vários momentos me questionei se não haveria um excesso de futebol no livro – e que agora está quase inexistente nas conversas que tive sobre ele após a leitura dos amigos.
No livro, as Copas são os marcadores dos grandes intervalos de tempo e o tetra-campeonato é o marcador temporal da ação do crime e da investigação. Em todos os contos-capítulos cuja ação se dá em 1994 alguém tira uma casquinha da seleção do Parreira - ( até em Sônia, ou em Lívia - retratos femininos por excelência, contos mais intimistas, sentimentais, projetados na voz feminina, em dramas líricos de mulheres refletindo sobre as questões de suas vidas emocionais, está lá um cascudinho no Parreira ).
Ao Dunga, atual técnico da seleção brasileira e capitão da de 94 as referências são diversas. O zagueiro que quebrou o Givair é tratado por “galegão”, “gaúcho” e “brucutu dos pampas”, há citações diretas como a camisa de número 5 do “garnisé” em Antônio e no velório de João em Araçá. Sim, o Bola da Vez está cheio de futebol, ele é o grande atravessador dos contos – presente em todos eles! E ausente, nos comentários.
Até agora, ninguém levantou a voz para defender a seleção do Parreira e o seu capitão! Por outro lado, os meus leitores com mais idade (tios da Isabel, sogra, amigas como a Cecília) gostaram de ver citados no livro, os craques Leônidas e Canhoteiro - craques de outro tempo. Vieram deles, dos mais velhos, os poucos comentários sobre o futebol no livro. Acho que para eles, falar desses jogadores teve o mesmo sabor que para mim tem e teve escrever sobre Zico, Sócrates e Falcão – eu vi esses caras! – só que a sensação deles está ampliada pelo tempo.
A Seleção de 1982 remete-me a mim mesmo em outros tempos, remete-me á juventude e aos sentimentos coletivos que chegavam a mim sob a forma do futebol e que me tomavam também – é o time mais lindo que já vi jogar! Meus leitores mais velhos viram Leônidas e Canhoteiro como eu vi o time de Telê Santana (será esse esquecido, um dia, também?)
Eu terei os arquivos televisivos e as postagens do youtube para rever e mostrar aos outros os craques do meu tempo, (veja na ERRATA do livro, aqui postada) aos mais velhos restaram apenas as suas memórias. Eles e os seus craques viveram num mundo anterior à explosão das imagens. Mas foi justamente a lembrança dos mais velhos que me ajudaram a recompor esse tempo que não vivi.
Respondendo à entrevista que saiu na Folha Online, citei dois livros que me ajudaram muito na pesquisa, justamente as biografias de Leônidas e Canhoteiro. Claro que foram livros “furtados” na biblioteca de meu sogro - e não é nenhuma coincidência o fato de ambos terem brilhado no Glorioso São Paulo Futebol Clube (as cadeiras cativas no Morumbi, de número 39 e 40 – sessão 215 letra P, também pertencem a Paulo de Azevedo Marques, como os livros).
Como também sou Tricolor, foi fácil afeiçoar-me e admirar aos três, respeitar suas memórias, engrandecer-me delas e agradecer por suas obras – sejam dribles, títulos ou uma família – tricolores, claro!
Para livros de futebol, olhem esse site-livraria:
LIVROS DE FUTEBOL.COM
Sobre os livros que citei:
O DIAMANTE ETERNO
biografia de Leônidas da Silva
de André Ribeiro
Editora: GRYPHUS
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CANHOTEIRO:
o Garrincha que Não Foi
de Renato Pompeu
Editora: Ediouro
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