quinta-feira, 23 de julho de 2009

Policial, por quê?


Não amigos, os romances policiais não foram minha leitura predileta, tampouco sou especialista no gênero. Meu caso com a escrita sempre foi a poesia - é o que mais li e escrevi. Ganhar um prêmio para escrever prosa, romance, policial, foi um susto e agora um desafio. Vale saber como o Bola da Vez nasceu. O primeiro conto - João - nasceu com o nome Bola da Vez e foi produzido para um trabalho universitário, na disciplina de Semântica, ainda na PUC, lá nos anos 8O - Cursava Língua e Literatura Portuguesa e frequentava o Bixiga. Esse nascimento teve um parteiro - Luis Eduardo de Carvalho, este sim, versado em prosa e policiais. De imediato percebi que havia muitos desmembramentos possíveis para a história de João e percebi a possibilidade da estrutura em mosaico de contos. Nasceram Deolinda e mais alguns rascunhos. Já nesse milênio, convidei o parteiro a tentar criarmos a criança juntos - não passamos de um encontro, sempre feliz, mas no qual o Edu me disse "velho, esse problema, é teu". E o problema ficou engavetado mais alguns anos até ser proposto ao Edital 15 do ProAC da SEC-SP em 2008.
A escolha do policial trouxe algumas vantagens para a estrutura do livro. Deixei de lado o modelo consagrado da "descoberta do criminoso" - no primeiro conto já se sabe quem morreu, quem matou e por quê. Mas interessou-me no caminho das investigações desvelar as histórias, as motivações e as reações dos implicados no crime - essa é a estrutura segura que o gênero policial me trouxe. Outra vantagem foi o limitador temporal - uma investigação tem prazos - e o romance está limitado entre a Final da Copa de 94 e a Festa da Achiropita - três semanas. Os vôos temporais surgem apenas para contextualizar as personagens que compõem o crime de 94. Viajamos à Segunda Guerra, ao Golpe Militar, à Copa de 38 e ao Bixiga dos anos 8O, sempre para rechear e compreender as personagens e as implicações do crime acontecido três dias após a Final da Copa de 94. É isso.